03 de outubro de 2017

A confissão e a inteligência

De acordo com o artigo 36, III, “b” do nosso Estatuto da União Apostólica de Famílias do Brasil, os
A confissão e a inteligência

 

De acordo com o artigo 36, III, “b” do nosso Estatuto da União Apostólica de Famílias do Brasil, os casais membros assumem o compromisso de prestação de contas mensal do seu esforço pela autoeducação, se possível ao confessor permanente. Assim, pelo menos uma vez por mês, somos convidados a nos aproximarmos da misericórdia do Pai, através do Sacramento da Confissão. Mas qual a razão de confessarmos? Realmente essa frequência mensal é necessária para nós, que participamos ativamente da vida da Igreja e que, a princípio, não vivemos em uma vida de pecado mortal?

O pecado é uma ofensa a Deus e uma ruptura da comunhão com ele, pois escolhemos seguir nossos desejos muitas vezes desordenados, do que sermos fiéis aos ensinamentos de Deus, que tem apenas um objetivo: a nossa salvação. Assim, ao buscarmos o sacramento da confissão, arrependidos de nossos erros, nos reconciliamos com Deus e com os irmãos, recuperando o estado de graça que recebemos em nosso Batismo.

Toda vez que cometemos um pecado mortal precisamos buscar o quanto antes a confissão. “É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave (contra os 10 mandamentos), e que é cometido com plena consciência e deliberadamente” (CIC 1857).

Mas também os pecados veniais, aquelas falhas que cometemos quase que diariamente, por egoísmo e falta de caridade, devem ser confessados. Não porque rompem nossa amizade com Deus, mas porque seu acúmulo, com o tempo, podem levar a um pecado mortal.

E aqui vem a relação que Santo Tomás de Aquino faz entre a confissão e nossa inteligência. Santo Tomás é um dos grandes Doutores da Igreja e é conhecido por sua inteligência apuradíssima e sua capacidade intelectual quase que sobre humana. Ele ensina que quando estamos em estado de graça, enxergamos coisas que não conseguíamos ver antes, nossa inteligência se abre.

Eu sou testemunha dessa enorme graça que recebemos quando nos confessamos regularmente. Desde jovem tinha o costume de confessar uma vez por mês e esse costume se manteve durante os anos, com algumas oscilações dependendo da fase de minha vida.

Porém, há cerca de seis meses, passei a procurar esse sacramento quinzenalmente. Percebi um enorme crescimento em minha vida espiritual, em minha proximidade com Deus e uma grande facilidade em entender as coisas, em dar conselhos, em enxergar por trás dos acontecimentos a Divina Providência e ainda em escrever (que é uma parte importante em meu apostolado). Parece que deu um “click” em minha mente e agora vejo as coisas de outra perspectiva.

Já me perguntaram se o que estou fazendo não seria apenas uma direção espiritual, se efetivamente confesso a cada quinze dias. Vejo aí mais uma graça da confissão frequente: minha consciência ficou mais sensível, mais alerta às minhas imperfeições e consigo ver mais claramente todas as ofensas, mesmo que pequenas, que faço a Deus no meu dia a dia.

Conhecemos as dificuldades em encontrar sacerdotes que tenham “paciência” em ouvir nossas confissões. Porém, não devemos desistir, pois quem está lá para nos ouvir é o próprio Jesus, mesmo que “disfarçado” de padre e ele sabe de nossas intenções. Se por ventura o padre te ouvir mas disser que não tem pecado para perdoar, mesmo assim peça a gentileza a ele de dar a você a absolvição. E pode fazer a penitência por conta, caso ele não indique nenhuma.

Para aqueles que tem certa dificuldade em pensar o que irá levar com essa frequência ao confessionário, sugerimos o seguinte exame de consciência que recentemente aprendemos:

1º) Examinar se cometeu algum dos pecados capitais: ira, orgulho, preguiça, inveja, gula, avareza e luxúria

2º) Examinar se cometeu alguma falta de generosidade, se poderia ter feito as obrigações com mais amor, com mais magnanimidade, se deixou de fazer algum bem que poderia ter feito, etc.

3º) Se por graça de Deus, nesse tempo entre uma confissão e outra, você não cometeu nenhum pecado, pode falar dos pecados passados já confessados. Aqui você traz novamente ao confessionário o pecado confessado não para receber o perdão (porque já foi perdoado da primeira vez), mas para receber a graça sanante, que é uma outra graça que podemos receber na confissão e que nos capacita para não cair novamente naquele pecado.

Assim, devemos nos confessar não porque é uma obrigação imposta pela nossa Comunidade, mas porque na confissão recebemos inúmeras graças para vivermos uma vida mais plena e mais feliz. É Jesus quem está ali no confessionário esperando por você, para derramar sobre você todas essas graças, para curar as feridas do teu coração e capacitar você para amar melhor e viver melhor. E nesse mundo tão atribulado em que vivemos, não há nada mais necessário do que viver com equilíbrio e é justamente isso que a confissão regular nos proporciona.

 

 

 

Flávia Ghelardi

Região São Paulo / XIII Curso

 

 

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