Nomeação do Pe. Kentenich
Nomeação do Pe. Kentenich como diretor espiritual do seminário
Em setembro de 1912, os Palotinos terminam a construção de seu novo seminário em Schoenstatt e reúnem ali sete cursos de ginásio. A prática pedagógica da época era norteada pelas virtudes da obediência, da disciplina e da ordem. E assim, o controle, a vigilância e o castigo eram considerados meios adequados de educação.
No início do ano letivo de 1912, os alunos receberam os novos estatutos, com a ordem de decorarem as suas 120 determinações, que limitavam e codificavam todos os atos da vida do internato. “Tudo era controlado. O menor deslize chamava a atenção”. Além de tarefas escolares suplementares, existiam medidas restritivas de todos os tipos, dentre as quais o humilhante castigo do espancamento. Tudo isso levou os alunos a rebelaram-se ao seu modo, com protestos interiores e exteriores.
Com a doença do Pe. Panzer, então Diretor Espiritual, foi decidido na reunião do conselho provincial, de forma repentina e providente, que o Padre José Kentenich assumisse “imediatamente o seu cargo”. Um fato inesperado para o novo Diretor Espiritual e para os seus alunos.
E foi em um clima totalmente de revolta que ele assumiu sua nova função. Entretanto, ele entendia o que os seminaristas sentiam, ele também havia experimentado a pedagogia que reinava no seminário: muito individualista e não muito humana.
Mas nosso pai não quis começar introduzindo mudanças exteriores no sistema. Quando assumiu o cargo só colocou uma condição: que suspendessem os castigos corporais. Durante toda a sua vida foi contrário a eles, devido à importância fundamental que atribuía à dignidade do educando e do educador. Antes de lutar por uma mudança de regulamento, nosso Fundador dedicou-se a mudar os espíritos dos jovens, pois o primeiro não tem efeito sem o segundo.
Em 27 de outubro de 1912, Padre Kentenich profere a sua primeira palestra como Diretor Espiritual do Seminário de Schoenstatt: “A auto-educação é imperativo do tempo”, inicia ele a apresentação do seu “Programa”, que não era Vou educá-los, mas sim “Sob a proteção de Maria, queremos aprender a educar-nos, para sermos personalidades firmes, livres e sacerdotais”.
Segundo Alessandri (2005), nosso Pai comparou esse tempo de 1912 com a grande época em que hoje vive o mundo, que ele chamou de uma “crise de adolescência”. E ele se referia também ao homem moderno, que se mostra como um homem rebelde, que está clamando por educadores que saibam aproveitar o que há de sadio em sua rebeldia.
Muitos anos mais tarde, após o regresso do seu exílio de 14 anos, Pe. Kentenich afirmou: “Para mim, o grande ideal foi sempre este”... “conduzir todos os que o bom Deus me confiou a se tornarem personalidades de extraordinária liberdade e fortaleza interiores”.
André Luiz Argenta Langes e Michele Benetti Leite
Região Sul/XXIX
REFERÊNCIAS UTILIZADAS
ALESSANDRI, H. M. Padre José Kentenich: um fundador, um pai, uma missão. Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt. 2ª Ed. Santa Maria: Editora Pallotti, 2005. 236 p.
KENTENICH, J. Documentos de Schoenstatt. Movimento Apostólico de Schoenstatt. 2ª Ed. Santa Maria: Editora Pallotti, 1995. 136 p.
SCHLICKMANN, D. M. Tempestades de outono 1912: o início de uma revolução interior. Santa Maria: Sociedade Mãe Rainha, 2012. 246 p.