Ação ou contemplação!
A União sou eu com o terço nas mãos! Ação ou contemplação!
Estamos familiarizados com a palavra contemplação no contexto religioso, significando “olhar com admiração, atentamente, demoradamente, apreciar” a Deus e sua presença na natureza. Mas também reconhecemos a palavra ação, remetendo a um movimento objetivando algo. Ação e contemplação já foi tema de estudo de muitos santos e se torna essencialmente atual, considerando que vivemos em uma sociedade pragmática que prima pela ação exterior e pelos resultados obtidos, menosprezando a reflexão, os sentimentos e a vida interior de forma geral. Parece-nos que estamos chegando à consumação dos tempos profetizados pelo Padre José Kentenich, quando dizia no Documento de Pré-Fundação (no. 10 e 15): “Porém, apesar de tudo, há um mundo sempre antigo e sempre novo – o microcosmo – o mundo no pequeno, nosso próprio mundo interior permanece ignorado e desconhecido”. Ainda diria no Programa: “O grau de nosso progresso nas ciências tem que ser acompanhado de igual aprofundamento interior e crescimento espiritual. Do contrário, cavar-se-á em nossa alma um imenso vazio, tremendo abismo que nos tornará imensamente infelizes. Por isso, autoeducação”.
São Tomás de Aquino versa sobre a Contemplação relacionando-a ao magistério - “se ensinar é ato da vida contemplativa ou ativa” - tendo presente a polêmica suscitada por mestres seculares da Universidade de Paris. Estes discutiam sobre a verdadeira natureza do ensino, se convinha a pessoas de vida ativa ou contemplativa. Para o “Doutor Angélico”, o ideal da vida cristã é movido pelo dinamismo suscitado na própria contemplação a Deus, a partir da qual, a vida ativa é ordenada para o bem do próximo (Suma Teológica “De Magistro, questões 179 a 182 da II-IIa).
São João da Cruz afirma que a grande força de quem é mestre na ação de ensinar não está propriamente nas palavras, mas na vida interior: “é por isso que vemos geralmente, pelo menos tanto quanto podemos julgar neste mundo, que quanto melhor é a vida dos que ensinam, tanto maior é o fruto que tiram; quanto aos demais, embora tenham dito maravilhas, logo são esquecidos... Por isso que se diz: tal mestre, tal discípulo” (Subida ao Monte Carmelo; L.III, C.45).
Porém, nossa cultura desconhece a importância da contemplação como propulsora das ações ordenadas para o bem e para a vontade de Deus. Vivemos tempos de confusão, agitados por ações práticas inconsequentes, comprometendo as gerações futuras.
A corrente de vida proposta pela Direção da União de Famílias “A União sou eu, com o terço nas mãos” está em perfeita consonância com o que a nossa Igreja pede para os cristãos, ou seja, crescermos na contemplação e no entendimento da vontade de Deus. Talvez nossa educação mecanicista ainda possa pensar: ou rezo, ou trabalho. Mas o exemplo do Sr. João Pozzobon, com seus quinze terços diários e vinte vias sacras, se assemelha em tudo ao que se diz dos grandes santos. A grande Obra da Campanha da Mãe Peregrina se realizou a partir dos cumes da contemplação. Entendemos agora que o verdadeiro apostolado acontece a partir da união das duas vidas: contemplativa e ativa.
Jorge e Marcia Audibert/ III Curso UF - Região Paraná