5º Domingo da Quaresma
“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo”. (Jo 12,24)
“Se o grão de trigo que cai na terra não morre,
ele continua só um grão de trigo”. (Jo 12,24)
Queridos irmãos, estamos chegando na quinta semana da Quaresma, que precede a semana Santa, pois na próxima semana celebraremos o Domingo de Ramos. Como tudo em nossos dias, o tempo passa muito rápido. Estamos praticamente nos finalmente de nossa preparação para a principal semana do calendário litúrgico, o ápice da nossa vida cristã, que é a Páscoa do Senhor.
Deus sela Aliança conosco
Mais uma vez, as leituras da liturgia desse domingo são riquíssimas para o nosso aprendizado, começando pela Leitura do Profeta Jeremias, que revela que o bom Deus fará com seu povo uma nova aliança, não como aquela de quando os tirou do Egito e que foi violada, mas sim uma aliança que será impressa nas entranhas e no coração do povo eleito. É a eterna aliança que será selada por Jesus Cristo no alto da cruz.
“Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias, diz o Senhor: imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração;
serei seu Deus e eles serão meu povo” (Jr 31, 33).
Ele é misericordioso
O Salmo 50 é o Salmo da Misericórdia, proclamado também as sextas feiras, na Liturgia das Horas. É um dos mais lindos Salmos da liturgia, pois expressa as nossas misérias, o nosso arrependimento e a confiança na misericórdia de Deus. São palavras que devem sair do fundo de nossa alma, do nosso coração, numa confiança ilimitada do amor e da misericórdia de Deus Pai. É o salmo que deveríamos ler para quando nos sentimos culpados, arrependidos, indicado, inclusive, para antes da Confissão. Vejam como ele se inicia:
“Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia. Na imensidão de vosso amor, purificai-me.
Lavai-me todo inteiro do pecado e apagai completamente a minha culpa”. (Sl 50,3).
Faça a experiência de ler este Salmo nos dias que antecedem a sua Confissão, para uma preparação espiritual adequada.
Na segunda Leitura, na carta aos Hebreus, Paulo escreve que Jesus foi obediente ao Pai. Ele é essa aliança eterna.
Já no Evangelho, Jesus revela que é chegada a hora e fala sobre o grão de trigo. Diz que se ele, ao cair na terra, não morrer, continuará a ser grão de trigo. Mas, se de fato morrer, dele nascerá frutos. Ele fala também sobre a vida: quem se apegar a ela irá perde-la, mas quem viver desapegado, terá a vida eterna.
Quem se confessa renova a Aliança
Caros irmãos e irmãs da União de Famílias no Brasil. Esta última semana da quaresma, geralmente, é a semana da Confissão. Poderemos apresentar diante do Senhor os nossos pecados e suplicar o seu perdão. Para quem ainda está na margem e não entrou no centro deste tempo favorável à nossa reflexão, é também a última chance de imergir nas graças desse tempo de conversão.
Para aqueles que puderam fazer uma boa caminhada quaresmal, é uma oportunidade a mais para intensificar nossa ascese, pois, com certeza, todos querem estar preparados espiritualmente para adentrar tão importante Semana Santa.
Lembramo-nos agora de um episódio, com uma de nossas filhas, que há pouco havia realizado sua primeira comunhão. Era um dia de semana, a noite, e íamos para a Paróquia, na confissão comunitária. Ela disse: “Eu não quero ir”. Eu simplesmente respondi: “Não tem problema! Eu preciso ir porque tenho pecados a confessar.” A Márcia também disse o mesmo. Para nossa surpresa, quando já estávamos saindo, ela se juntou a nós e disse: “Pois é, eu também tenho. ”
Esse sempre é o ponto central do Sacramento da Confissão: Dirijo-me à confissão porque tenho pecados! Se não tivesse, não precisaria ir, não é mesmo?
Propomos os seguintes pontos, para refletirmos nesse Domingo:
A aliança é eterna
Em toda a história da humanidade, quem sempre toma a iniciativa para propor uma Aliança conosco é o bom Deus. Sempre! Somos o povo da Aliança e, como relembra o Profeta Jeremias, nós é que deixamos de fazer a nossa parte e rompemos as alianças. Mas, Deus propõe uma Eterna Aliança. Ele próprio a selará conosco, na pessoa de seu Filho único, que dá sua vida em favor de todos. Por isso, é uma Aliança eterna e não teremos nenhuma outra. Esta é a Aliança perfeita.
Paulo nos ensina que, na obediência de Jesus ao Pai, a causa da salvação se tornou eterna.
Além de tudo isso, hoje é um dia especial para nós schoenstattianos, pois é dia da Aliança. Seria coincidência ou providencia? Sabemos que é providência. Nós selamos nossa Aliança de Amor com nossa Mãe, inserida logicamente nessa Aliança eterna em Jesus Cristo. Como está nossa Aliança com o bom Deus, iniciada com nosso Batismo? Tenho cumprido minha missão como batizado?
E com relação a Aliança de Amor? Como vão as promessas e exigências com relação a Mãe de Deus? Tenho cumprido fielmente os meus deveres de estado de vida? Minha vida de oração? Enfim, é hora de refletirmos sobre as exigências e as promessas. Hoje é dia de renovarmos essa Aliança selada com a Mãe de Deus. Rezemos juntos: Ó minha Senhora, ó minha Mãe. Eu me ofereço todo a vós...
Um coração humilde é aberto para a misericórdia
Como vimos na semana passada, a salvação é graça do coração misericordioso de Deus. Por isso, devemos rezar como o salmista, que suplica a sua misericórdia e o seu perdão. Devemos nos confessar com o coração contrito e humilde, para acolher em nossas vidas a misericórdia do bom Deus.
Convidamos a todos, nessa semana, a participar do Sacramento da Confissão. Como são belas as confissões comunitárias, neste tempo quaresmal! O inferno treme! Pois a cada confissão, nos aproximamos mais do bom Deus, do seu coração infinitamente misericordioso.
Sejamos homens novos
Se o grão de trigo não morrer, ao cair na terra, não germinará. Assim é a nossa vida missionária, assim é a caminhada em nossa comunidade. A palavra de Jesus é bem clara ao falar sobre a sua missão. Mas, também é clara a indicação para a nossa missão. Devemos nos desapegar de nossa vida. Somos chamados a viver uma vida nova em Cristo Jesus. Já não somos o homem velho. Mas, somos revestidos pelo homem novo. Isso é pedagogia schoenstattiana pura.
Privilegiados foram os discípulos e os gregos, que ouviram a voz de Deus e acharam que foi um trovão. Vejam a resposta do Pai à suplica de seu Filho:
“Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: 'Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo. A multidão que lá estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: Foi um anjo que falou com ele. Jesus respondeu e disse: Esta voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós”. (Jo 12, 28-30)
É a voz do Pai que ressoa, deste então, glorificando o Filho que cumpriu perfeitamente sua missão, na sua vontade, em perfeita obediência a Deus Pai.
Por fim, gostaríamos ainda de lembrar de um dos sermões de São Pedro Crisólogo:
“Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantêm a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas: a oração, o jejum e a misericórdia. O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe”.
Guardemos esse pensamento durante esses dias. Um excelente domingo a todos!
Feliz dia da Aliança!
Romulo e Márcia Romanato - XIII Curso/SP