23 de março de 2018

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

“Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos”. (Rm 6,8).
Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

 

“Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos”. (Rm 6,8).

Queridos irmãos e irmãs da União de Famílias.

Chegamos no Domingo de Ramos, após 5 semanas do tempo quaresmal. Esse domingo, muito especial na Liturgia, conclui as semanas da quaresma e abre ao mesmo tempo a Semana Santa, ponto mais alto da vida Cristã, pois culmina com a Morte e Ressurreição de Nosso Senhor. Antes temos o Tríduo Pascal, onde celebramos a Ceia do Senhor, sua Morte e sua Ressurreição. Serão momentos fortes, momentos que renovam nossa fé.

Santo, Santo, Santo!

Pois bem, nesse clima de expectativa, a Liturgia nos traz duas proclamações do Evangelho. No primeiro Evangelho proclamamos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando o povo, com os ramos nas mãos, gritam: Hosana ao Rei, hosana nas alturas...bendito o que vem em nome do Senhor. Momento este marcado na história, pois no rito da Eucaristia, a cada celebração repetimos as mesmas palavras proclamando o Santo, Santo, Santo! É o cumprimento da Profecia de Zacarias (Zc 9, 9-10), que diz textualmente: “Alegra-te muito ó filha de Sião, exulta, ó filha de Jerusalém; o teu rei vem a ti; ele é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta”. Jumento nunca montado remete a tradição que a monta deste animal, em dias de festa era prerrogativa dos Reis.

Jesus, portanto, cumpre a Profecia, de ser proclamado Rei e se apresentar como o Messias, que o povo escolhido - povo de Israel – esperava há milênios. Que a cada celebração, quando cantarmos o Santo, junto com o coro celeste dos anjos, o nosso coração se rejubile junto ao Rei. Jamais cante desatento esta linda proclamação, que há milênios, a Igreja faz ao seu Senhor.

Depois da proclamação de Rei, vem a cruz.

A Liturgia, bem como Evangelho central deste Domingo, é a Paixão e Morte do Senhor. Como dissemos, os Ramos são a entrada, mas as Leituras e o Evangelho central se referem a narrativa da Paixão e Morte do Senhor. Isso porque a Liturgia da Igreja é realizada a cada domingo, ou seja, no próximo Domingo será o Evangelho da Ressurreição. Entenda que nos outros dias da semana, principalmente no Tríduo, cada dia terá as suas leituras especificas.

O Servo sofredor

Tanto a primeira leitura, como o Salmo, retrata o Servo obediente ao Pai, que se entregou por nós, aceitando todos os castigos, de todas as formas e violências inimagináveis. Na primeira Leitura, o Profeta Isaias proclama:

“Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado”. (Is 50, 7-8).

E nos Salmos:

“Cães numerosos me rodeiam furiosos, e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu posso contar todos os meus ossos.
Eis que me olham e, ao ver-me, se deleitam”!.
(Sl 21, 17-18).

Tanto o Profeta Isaias como os Salmos, profetizam o sofrimento que o Filho de Deus, o Messias, deveria passar para resgatar os pecados da humanidade e selar a nova e eterna aliança. Já Paulo, na Carta aos Filipenses, com a profecia cumprida e o Senhor Ressuscitado, diz que por ter aceitado todo este sofrimento, por ter obedecido, por ter se colocado na condição de servo, de escravo, o bom Deus o exaltou acima de tudo e de todos, tornando seu nome glorioso, onde até nos infernos os joelhos devem se dobrar diante do nome de Jesus. É o Senhor vitorioso.

“Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação,
mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens....humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame : 'Jesus Cristo é o Senhor',
para a glória de Deus Pai”.
(Fl 2, 6-11)

E no Evangelho de Marcos (Mc 14,1-15,47) temos a narrativa completa dos dias da Paixão, começando pelo jantar em Betânia, na casa de seus amigos. Ali ocorreu a cena de uma rara delicadeza, quando uma mulher que, com um alabastro de perfume - um nardo puro, muito caro e com todo o amor do mundo, derramou sobre sua cabeça, preparando-o para a sepultura. Jesus diz que essa cena será contada por onde o Evangelho for pregado. Também narra a traição de Judas, seguidamente à Ceia do Senhor, com a instituição perpetua da Eucaristia e a profecia da negação de Pedro. Depois, narra a agonia no horto das Oliveiras, diante da visão dos dias terríveis que estavam chegando, passando pela sua prisão e seu calvário, quando Jesus muito sofreu, bem como a decisão do povo por Barrabas, o carregar a cruz, até chegar o momento da crucificação, onde foi levantado e morreu por todos nós.

São cenas fortes, mas que ao mesmo tempo nos permitem refletir sobre o quanto Jesus nos ama, intensamente. É o doar a vida por nós, como diz o belo canto: “Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão! ”.

O sofrimento com meio de salvação

A reflexão deste domingo é para ajudar-nos a crer que assim como o Filho de Deus sofreu, o sofrimento faz parte também de nossa história, de nossa vida. Não há como fugir dos percalços da vida. Mas, ao mesmo tempo, é um ensinamento profundo de quanto devemos confiar em Deus Pai e na sua providencia, pois Ele jamais nos abandona. Ele não dá o fardo maior do que nossos ombros suportam carregar. São os designíos de Deus. O importante nesse momento é olharmos para Jesus e ver como a alternância de valores acontece muito rapidamente. Aqueles mesmos que o exaltaram foram os que gritaram: crucifica-o. Cuidado no engano dos elogios e mais cuidado ainda em seguir a multidão. Cuidado para não seguir os lobos, que são aqueles que fazem o povo de massa de manobra. Cuidado!

Entraremos na semana Santa, num clima profundo e apropriado para a reflexão, para a meditação. Uma semana de silêncio interior. Lembro-me da infância que, em casa era: nada de som, nada de televisão, nada de extravagância no comer. Sobriedade era a palavra. Não estamos falando apenas de tradição, estamos falando do respeito, do sério cultivo da interioridade, da autoeducação, da aspiração ao alto, pois a grandeza da Eucaristia e da Palavra de Deus é fazer memória e não contar história. Tudo acontece novamente. É preciso fechar os ouvidos aos barulhos do mundo, para que possamos escutar a voz doce do Senhor, a doce voz de sua Mãe, a brisa suave do Espírito. É preciso se colocar ao lado do Cristo sofredor, se colocar em pé, junto com nossa Mãe, aos pés da cruz.

Acalmar e silenciar o coração, eis o segredo.

Rezemos:

 “Mãe das Dores, minha Mãe, nos momentos de opressão e dificuldades, quem poderia entender-me melhor do que tu?! Consoladora dos aflitos, Auxílio dos Cristãos, concede-me algo de teu ânimo e coragem no sofrimento, para suportar tudo quanto o bom Deus previu para mim, por amor. Ajuda-me, para que tudo seja transformado em dor redentora, para mim e para todos os que me são confiados! ”. PJK

Desejamos a todos um bom domingo e uma excelente Semana Santa, semana verdadeira dos cristãos... dos schoenstattianos, dos unionistas, dos filhos amados de Deus. Infinitamente amados, que acompanham seu Senhor, onde Ele estiver.

Em tempo: não se esqueçam de guardar os Ramos durante todo o ano, em algum lugar nobre da casa. São ramos abençoados, que nos acompanharão durante todo o ano, não como superstição, mas sim como memória de que seguimos Cristo e o aclamemos como Rei. Os ramos no ano seguinte – secos – são queimados e utilizados nas cinzas, da quarta-feira de cinzas.

Sempre desejamos aos outros, que tenham uma santa semana. Pois essa é a própria, literalmente!

Se aproprie das graças que ela produz.

Romulo e Márcia Romanato – XIII Curso/ SP

 

 

 

 

 

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