Cada filho é um presente de Deus
Cada filho é um presente de Deus
Quando nos perguntam quantos filhos temos, respondemos: "Temos quatro filhos!". Mas, será que temos consciência de que esses nossos filhos são um presente de Deus?
Nossos filhos são "nossos", mas, mais do que nossos são de Deus. Nós colocamos as condições biológicas para gerá-los, mas, no mesmo instante de sua concepção, Deus infundiu nesta semente de vida uma alma espiritual.
Considerar nossos filhos como um presente de Deus nos leva, em primeiro lugar, a professar-lhes um grande respeito. De algum modo são sagrados, santos. Mais ainda, essas crianças receberam pelo batismo a graça santificante, que os tornam “participantes da natureza divina”, “familiares” de Deus e filhos de Maria Santíssima (cf. 2Pd 1,4 e Ef 2,19). Eles são propriedade de Deus. Cada um é um membro único no Corpo de Cristo, com uma missão específica nele.
O respeito é essa atitude que permite que o outro seja quem é e que, com atitude de serviço e delicada habilidade, ajuda-o a chegar a ser o que deverá ser.
O amor e o cuidado pelos filhos se convertem, então, em serviço a sua originalidade, para que desenvolvam as potencialidades que Deus colocou em sua alma; para que se conduzam pelo caminho que Deus previu para eles. Nosso amor respeitoso de pais presenteia-lhes liberdade; nunca os “sufoca” com amostras de amor ou com excessivos cuidados.
No entanto, esta atitude de amor respeitoso, em certas circunstâncias, necessita corrigir. Precisamos saber aplicar essa correção de tal modo que o filho não se sinta como um “desabafo” do nosso aborrecimento, mas como um amor que busca seu bem.
É importante perguntar se às vezes não exigimos demais, querendo deles realizações que vão além de suas possibilidades. Nós os escutamos quando se aproximam para nos dizer ou pedir alguma coisa? Pressentimos o que tem em seu coração e que eles mesmos nem sempre conseguem expressar com palavras? Dedicamos tempo para descobrir na oração o que Deus tem posto neles?
Não podemos modelar nossos filhos segundo nossa vontade ou segundo os valores que tem maior aceitação no “mercado”. Porque hoje é “melhor visto” um filho capaz e dotado para as matemáticas que um filho artista. Mas talvez esse nosso filho tenha somente uma inteligência mediana; que não foi pensado por Deus para ser médico como nós gostaríamos, senão um bom técnico mecânico ou um excelente vendedor.
Devemos também cuidar com as comparações. Causa frustração a um filho dizer-lhe: “Olha teu irmão, veja as notas que tirou! Você é um folgado!” Não podemos desqualificar o filho por um determinado comportamento sem considerar a raiz dele. Escutamos a batida de porta que deu e o repreendemos com violência, sem perceber que o que ele queria é que déssemos mais atenção a ele.
Como pais, queremos muitas vezes enquadrar nossos filhos em um determinado estereótipo, dando importância somente a um aspecto de sua pessoa. Aspiramos a que sigam carreiras lucrativas, a fim de que alcancem uma boa situação econômica e uma boa reputação social. Não perguntamos se esta é a vontade de Deus a respeito deles. Não contemplamos outros aspectos ou talentos que Deus colocou em suas almas, como, por exemplo, sua qualidade afetiva, suas habilidades manuais, seus dotes artísticos ou sua profundidade religiosa.
Como consequência os filhos não se consideram valorizados naquilo que são e sentem-se menosprezados. Não se relacionam com seus pais tal qual são, já que não se sentem abertos a sua realidade. Inclusive chegam a mentir para aparentar que respondem a suas aspirações. Assim, a atitude dos pais desperta em seus corações sentimento de uma profunda e contida rebeldia. Ou então, gera em suas almas depressões, inseguranças e complexos de inferioridade difíceis de superar.
“Os verdadeiros educadores são pessoas que amam sem deixar nunca de amar. O amor verdadeiro gira constantemente em torno do tu: se interessa pelo tu e pelo seu bem” (Pe. José Kentenich).
Precisamos meditar sobre eles, deixarmos tempo para considerá-los na oração, para entregar diante de Deus suas realidades, seus comportamentos e suas inquietudes.
Nosso tratamento com eles mudaria muito se fizéssemos esta meditação da vida. Esta meditação assegura que em verdade os vejamos “organicamente”, ou seja, em sua relação com Deus e com todo o mundo original. Ao mesmo tempo se enriqueceria consideravelmente nosso diálogo no matrimônio.
- Estou dedicando tempo ao meu filho, para fazer uma caminhada com ele, sair para tomar um sorvete, realizar uma atividade que ele gosta ou simplesmente parar para ouvi-lo?
- Rezo pelo meu filho, pedindo a Deus que o ilumine e o oriente em seu caminho?
Marcus e Simoni Bilhão
Região Paraná - IV Curso da União de Famílias