26 de setembro de 2016

A importância dos Limites

A importância dos Limites
A importância dos Limites

A educação dos filhos é uma das tarefas mais belas e gratificantes que Deus confia aos pais, mas ao mesmo tempo, extremamente difícil.

Quando falamos de limites, estamos preocupados que nossos filhos não escapem das nossas mãos e que saibam até onde podem ir. Considerando a realidade social em que vivemos não sabemos sempre com clareza o que ajudará nossos filhos a crescer e amadurecer como pessoas íntegras e cristãs. Muitas vezes fica difícil estabelecer regras, pois contrariam seus desejos ou entram em conflito com o que todos fazem.

Sabemos que cada jogo tem suas regras, no entanto, temos que definir qual é o jogo que queremos jogar, o sentido que este tem, para que seja possível determinar as regras que nos ajudem a jogá-lo bem. Além disto, é necessário que todos estejam de acordo em jogá-lo, unindo os seus esforços para poder desfrutar de uma excelente partida.

Portanto, não basta determinar o conteúdo e o número de regras ou os castigos que se aplicarão se estas não forem cumpridas. Primeiro é necessário abordar os pressupostos e fundamentos que sustentam e que dão sentido aos limites estabelecidos.

Muitas vezes considera-se regra o oposto de liberdade. No entanto, liberdade e regra não são realidades opostas. A regra é uma ajuda que indica à liberdade o que é o bem, o que é justo ou correto. Por exemplo, se a regra estabelecida diz para almoçarmos juntos como família nos dias de domingo, é porque isto fomenta a convivência e comunicação familiar. A regra orienta a criança em direção ao desenvolvimento de comportamentos e de atitudes que formarão sua personalidade.

A pessoa está chamada a aceitar livremente a regra. Ela decide livremente cumpri-la, porque sabe que é o melhor para ela e para os demais.

Toda a educação deve estar orientada para a liberdade. E isto significa educar a capacidade de autodecisão dos filhos, educar em um ambiente em que se respira amor por cada um dos que integram a família.

Porém, não é necessário ditar regras para todas as coisas. Isto, além de ser sufocante para os filhos, impedirá o desenvolvimento de uma autonomia sadia. Em uma família que tem costumes sadios, as regras se cumprem de forma espontânea. Assim, por exemplo, se alguém possui a virtude da ordem, normalmente irá deixar as coisas em ordem, sem necessidade de que esteja prescrito onde se tem que guardar a roupa, os cadernos, etc. O exemplo e o ambiente reinante são determinantes neste sentido.

Como sabemos, o fator pedagógico mais importante, e decisivo, é o exemplo do educador. “As idéias ilustram, mas os exemplos arrastam”, diz um antigo provérbio. No entanto, muitas vezes não atuamos conforme esta atribuição. Pedimos e exigimos de nossos filhos comportamentos que não estão suficientemente respaldados por nosso exemplo ou autoridade moral.

Somos chamados a também nos esforçarmos naquele ponto que pedimos aos nossos filhos que se esforcem. E se não temos problemas com esse ponto, deveríamos estar fazendo um esforço de superação equivalente em outro ponto no qual temos que lutar para crescer. Se o fizermos, teremos autoridade moral para exigir de nossos filhos que façam bem as coisas e experimentaremos na própria carne quanto custa superar-se a si mesmo.

Outra questão é que não se inicia o alicerce de uma casa sem antes ter um projeto concreto da mesma. Isto parece evidente, no entanto, normalmente não se aplica à tarefa mais importante que possuímos como pais: a construção de nossa própria família.

Por isso é necessário que os pais tenham uma ideia do que querem ser como família ou, em outras palavras, que possuam um projeto ou ideal de família.

Com o nosso projeto de família elaborado, tudo será mais fácil. Nossos filhos nascerão e se desenvolverão em um mundo coerente. Nosso ideal de família fará que as regras sejam dadas enquanto nossos filhos ainda forem pequenos. Assim a criança assumirá de forma natural uma ordem e experimentará a segurança necessária para um desenvolvimento sadio.

Desta forma, os filhos, ajudados pelo exemplo, o carinho e a explicação dos pais, progressivamente irão fazendo seu este mundo familiar, que todos juntos estão empenhados em construir.

O fundador de Schoenstatt, o Pe. José Kentenich, um educador nato, formulou a seguinte lei: “Obrigações somente as necessárias. Liberdade, a maior possível. Mas, sobretudo, cultivo do espírito”.

Com isto assinalava em uma direção: as regras são necessárias, mas elas não precisam estar presentes em tudo. Fazer isto geraria um ambiente sufocante, onde tudo estaria regulado e, muitas vezes, assegurado pelo medo ao castigo.

O “máximo cultivo do espírito” do qual fala o Pe. José Kentenich, refere-se a que os pais devem manter viva esta atmosfera e estes costumes, estimulando-os pelo seu exemplo e sua palavra. Eles devem se preocupar em destacar e reforçar adequadamente os valores positivos que animam a vida familiar. Tudo o que enaltece e educa.

Os filhos devem experimentar nosso trato respeitoso. Devem sentir esse mesmo carinho íntimo. A resposta a nosso amor, a confiança e fé que temos neles, é o que os move interiormente, desde dentro, a serem dóceis a nossos desejos ou às regras que estabelecemos. Assim eles estão predispostos instintivamente a atender nossos desejos, desejos de amor por eles.

Diante do exposto acima podemos nos perguntar:

  • Estamos definindo as regras de nossa família juntamente com os nossos filhos?
  • Temos um projeto de família, com valores, princípios e costumes bem definidos?
  • Dedicamos um tempo para conversar individualmente com cada filho de forma a saber suas dificuldades e poder apoiá-lo e buscar em conjunto uma solução?

 

“Só se exerce a autoridade em benefício dos filhos e não para a comodidade dos pais”.

(Jose Miguel Ibañez Langlois)

 

Marcus e Simoni Bilhão

Região Paraná - IV Curso da União de Famílias

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