23 de janeiro de 2016

Conversão de São Paulo

Conversão de São Paulo
Conversão de São Paulo

Nossa Igreja celebra a festa da conversão de São Paulo no dia 25 de janeiro, razão por que escrevemos um artigo que, neste ano, pretende lembrar alguns dados biográficos do “Apóstolo dos Gentios”.

Saulo de Tarshish (grego), Saulo ben Hillel (judeu), Saulo ou Paulo de Tarso (romanos e para nós ocidentais), nasceu em data imprecisa, mas pouco antes do ano de 10 aC. Filho de Hillel ben Borusch e e Debora bas Shebua, era descendente da tribo de Benjamin.

O avô materno, Shebua ben Abraão, era do partido dos Saduceus e de família tradicional.

Nasceu em Tarso, cidade da Cilícia, na época com trezentos mil habitantes.

Denominada “Jóia do rio Cidno”, era uma cidade fenícia, comercial, barulhenta pelos seus negócios e tráfego fluvial e terrestre, dotada de excelentes academias e escolas, estabelecimentos mercantis, artesãos, perfumistas, tecelões, ferreiros, inúmeras lojas, museus notáveis, casas de dança, liberdade decorrente da cidadania romana, atulhada de funcionários públicos, abundante em templos dedicados a vários deuses, helênica nas ações e oriental nos sentimentos, famosa por seus artistas, enriquecida pelos piratas que nela fixavam sua residência em suntuosas vilas, onde eram respeitados. Havia ainda casas de vinha e de banho, padarias, tapeceiros, bancos, mercado de gado, estalagens com cozinheiros egípcios hábeis, bordéis, espetáculos licenciosos, arenas para esportes e combates dos gladiadores, em suma, uma pequena Roma. Nela viviam sírios e cidônios, estudantes da Ásia Menor, núbios e citas, gregos e romanos, egípcios e assírios, também gauleses e bretões, além de milhares de escravos provenientes dos lugares mais longínquos.

Acredita-se que Saulo teve como preceptor Aristo, grego, ex-escravo liberto por Hillel, profundo conhecedor do mundo helênico, especialmente das divindades grego-romanas.

Começou a frequentar a sinagoga em Tarso ainda em criança, acompanhado do pai, ouvindo o rabino Isaac. Soube que a sinagoga havia decorrido da diáspora dos judeus, que aconteceu no século VI aC.

Com quinze anos viu Tarso ser parcialmente dizimada pela peste bubônica, perdendo sua mãe.

Enviado para Jerusalém aos dezoito anos, época em que ficou mais próximo do avô materno, Shebua ben Abrão, e sua forma de vida. O avô era íntimo de Anás, Caifás e de Herodes, todos do mesmo partido dos saduceus. Além disso, não acreditavam verdadeiramente em Deus e na promessa da vinda do Messias. Shebua tinha muitas propriedades, muito dinheiro, operando com o comércio naval.

Neste época começou a frequentar o tempo de Jerusalém e se aproximou do rabban Gamaliel, nasi do Sinédrio e professor da lei (At 5, 34).

Profundamente religioso, irrepreensível na estrita observância da lei (Fl 3, 4-6 e At 22, 3), advogado formado na Universidade de Tarso, tendo a visão centrada nos livros (pergaminhos) históricos e a primitiva aliança.

Nesta época, já convertido ao partido dos fariseus, sua vida se caracterizava por dois aspectos principais: a) ritualismo exagerado ou legalismo (Rm 7, 14-20, ver Neemias 10, 29 e ss); e b) dificuldade de acreditar na salvação pela visão dos fariseus, segundo a qual a sociedade estava estratificada em classes, pois que se o Salvador tivesse de fato nascido o mundo todo saberia, os anjos do céu teriam anunciado e os romanos, dominadores, estariam afogados como os egípcios. A contradição na sua jovem vida estava materializada, pois conhecendo profundamente as escrituras não havia atentado para as palavras de Salomão (Prov 3, 5-6 e 8, 32-34) e o que Isaías havia profetizada há muito (Is 53, 2-9).

Precisamente nesta época inicia-se a perseguição implacável aos seguidores de Jesus, que havia sido crucificado há cerca de dez anos. A aproximação de Caifás e Herodes garantiu-lhe presença no Sinédrio mesmo ainda jovem.

O restante desta história fica para o ano vindouro.

Nelson e Ana Virginia, VI Curso, Região Sul.  

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