Um herói de Schoenstatt, um Herói da União de Famílias!
19 de junho de 2020

Um herói de Schoenstatt, um Herói da União de Famílias!


Apesar de sabermos que a saúde do Sr Norbert Martin estava debilitada, sua morte nos causou um impacto profundo em nossos corações. Gostaríamos de partilhar um pouco dos encontros que tivemos com eles ao longo desses anos. Encontros curtos, mas que encantam até hoje as nossas vidas, o nosso ser.

Tudo começou em janeiro de 2005, pois a Providência nos levou a um trabalho em Colônia na Alemanha na qual iria sozinho. Quando vi que Colônia era cerca de uma hora de carro de Vallendar, onde fica Schoenstatt, eu disse para a Márcia que ela deveria ir comigo, pois assim poderíamos conhecer o tão sonhado Santuário Original. Deu tudo certo e fomos. Nós viemos da Campanha da Mãe Peregrina, éramos Coordenadores Diocesanos, mas estávamos engatinhando na União. Antes da viagem, falamos para o casal Olindo e Marilene que iriamos para lá, até para pegar algumas informações e eles prontamente acionaram o casal Martin, que eram os Dirigentes Internacionais da União de Famílias, para que pudéssemos nos encontrar e nos levar em Hillscheid, onde fica o Santuário da União de Famílias.

Numa tarde fria de inverno, pois era início de fevereiro, chega o Sr Martin na casa Marieland, desde então a nossa hospedagem preferida no Monte Schoenstatt. A mãe da Renate, já de idade avançada necessitava de cuidados e ela não pôde nos acompanhar. Certamente ficamos preocupados, porque como dissemos, estávamos iniciando na União e estaríamos com os nossos Dirigentes Internacionais. Ainda havia a questão da comunicação, porque o nosso inglês é de turista, entendemos até certo ponto, mas falar já é outro departamento. A Mãe de Deus cuidou, porque o Sr Martin falava fluentemente italiano e como eu também falo, assunto resolvido. Essa passou a ser a língua oficial entre nós. Passamos a tarde com ele, que nos mostrou toda a estrutura da Josef Kentenich Hof – Schoenstatt Familiebund. A Casa Internacional da União e o Santuário, o nosso Santuário Internacional da União. O Santuário da Liberdade. Conhecer toda a estrutura daquela casa sempre nos impulsionou a construir a nossa casa da União no Brasil.
Desde esse ano, praticamente todos os anos seguintes, até hoje, vamos para Schoenstatt e a cada viagem eles pediam que nós avisássemos. Nem precisava, porque já na primeira Missa cedinho no Santuário Original, mesmo com as costumeiras neves e frio intenso, nos encontrávamos; e Norbert com a Renate, faziam questão de marcar uma tarde em sua linda casa no alto do monte em Vallendar (que possui uma esplendida vista da cidade), para um delicioso chá, sempre com uma deliciosa torta de maça, especialidade da casa. Nos anos seguintes as nossas filhas Gabriela e Giovanna nos acompanhavam, pois, a partir de então escolhemos sempre passar as férias por lá e dá para imaginar os seis conversando: comigo era o italiano, com as meninas era o inglês e com a Márcia o espanhol. Enfim, nos entendíamos e tudo fluía. Tivemos a honra de estar na casa deles muitas vezes. Retribuíram em uma vinda ao Brasil em 2008 quando almoçaram em nossa casa, juntamente com o Olindo e Marilene e a Ana Beatriz do nosso Curso, com o Mateus ainda de colo.

Nessas tardes de chá, sempre as histórias do nosso Pai Fundador e do Papa São João Paulo II. Histórias carinhosas das idas deles nas férias em Castel Gandofo, casa de férias dos Papas no verão. Eles diziam que após os jantares, o Papa gostava muito de cantar e ficam cantarolando lindas canções.

Pensávamos sempre, que honra passar com eles esses momentos e que paciência que eles tinham com a gente. Ficaram muito felizes com o nosso ano de Consagração e mais ainda com o ano de Consagração Perpétua. Praticamente a cada ano nos acompanhavam na nossa caminhada dentro da União.

Em 2012 no Encontro Mundial das Famílias em Milão, qual surpresa encontra-lo em meio a tantas tarefas do Conselho Pontifício, na organização do grande evento, mas sempre o abraço e a alegria do encontro. Sempre tinha um tempo pra nós, como as histórias de nosso Pai e Fundador, que em meio a tantas tarefas sempre tinha tempo para ser Pai.
No final de 2017 viajamos para Schoenstatt juntamente com o casal Oscar e Inês e quando nos encontramos com eles na Missa do Santuário Original e eles olharam para o Oscar e a Inês, a surpresa já transformada em muita alegria, vibraram por verem eles por ali. No último dia do ano, encontrando novamente eles na Missa, nos convidaram para passar o ano novo na casa deles e também o Padre Antonio Bracht, que acabara de celebrar a Missa.

Nos disseram que era o último dia na casa que moraram praticamente toda a vida de casados. Estavam cedendo a um dos filhos e mudando-se para um apartamento pequeno para os dois, pois a casa estava demasiadamente grande para eles (a casa de fato era grande). Tinham uma preocupação, porque um dos cômodos era repleto de documentos do Pontifício Conselho das Famílias e para quem ficaria tantos documentos valiosos? No último ano nos disseram que um grupo acadêmico ficou responsável de tudo catalogar e digitalizar. Estavam felizes por isso.

No Encontrão de 2018 pedimos a eles que gravassem um vídeo contando como foi o primeiro encontro com o casal Olindo e Marilene em Roma, como tudo aconteceu, pois a partir disso a União no Brasil teve o impulso de iniciar. Pedimos com antecedência e confesso que estava amargurado que não chegava, mas chegou na semana do Encontrão. Ele então explicou que havia adoecido e estava de cama e não conseguia gravar. A Mãe de Deus, generosa como sempre, cuidou que num dia em que estava bem, gravaram com a ajuda do filho e gentilmente nos mandaram. Ficará para a história da União no Brasil para sempre.

A delicadeza desse casal é algo impressionante. Exalam Santidade, exalam Schoenstatt, exalam União de Famílias, exalam a Igreja. São humildes no tratar e apesar do alto nível intelectual deles, descem muitos degraus para cuidar de casais como nós. Se fazem iguais e jamais em suas histórias haviam qualquer resquício de orgulho ou soberba. Não é qualquer casal que é amigo particular de um Santo Papa.
Ano passado, numa viagem com o Tomás e Flávia para Schoenstatt almoçamos todos juntos e em Janeiro desse ano a Giovanna, nossa filha, trabalhou como voluntária em Schoenstatt ajudando a Irmã Isabel em suas tarefas. Em uma Missa matutina, sempre no Santuário Original, eles quando a viram disseram: Joana, o que está fazendo aqui, onde estão seus pais? Ela ficou imensamente feliz de ter sido reconhecida no primeiro olhar. O carinho e a atenção de sempre.

Quando chegamos em Schoenstatt no final de janeiro desse ano, novamente nos encontramos na Missa do Santuário Original, entretanto, ele sozinho, porque a Renate precisou ficar em casa por conta que era o primeiro dia da nova ajudante da casa. Perguntei sobre sua saúde e respondeu que esteve na beira da morte, mas sobreviveu. Como sempre, perguntou de todos e como estava a União no Brasil. Quando falamos que esse ano quatro Cursos novos iniciariam, ficou radiante. Quatro? Perguntou novamente: quatro? Ficou muito feliz. Desejou felicitações a todos e disse que tinha um carinho todo especial por nós União de Famílias no Brasil. Se despediu e aqueles passos rápidos deram lugar a passadas lentas, devagar, um andar cansado. Ficamos olhando ao longe se distanciar, com o coração feliz de o ter encontrado, infelizmente para nós, pela última vez.

O que fizemos para receber tanto carinho? Tanta atenção? Um casal do interior de São Paulo, iniciante na União? Nada que merecesse a atenção desse casal tão nobre. Passou pela nossa vida e nos deixou marcas, marcas profundas, como fazem os grandes personagens da história, como fazem os grande Santos.

Ele faz parte da galeria dos Heróis de Schoenstatt, fará parte dos Heróis da União. Está agora com seu amigo o Santo Padre, com o nosso Pai e Fundador, seu grande Mestre, Padre José Kentenich.

Que a Mãe o conduza pelos prados e campinas verdejantes.

O carinho que ele tinha pelo Olindo e Marilene era impressionante. Dizia sempre: vocês têm muitos casais Santos na União no Brasil, mas um em especial: o casal Toaldo. Sabemos, respondíamos de pronto. Temos muitos, mas eles em especial.

Que fique impregnado em nós esse seu odor de Santidade.
Sentiremos saudades a cada vez que entrarmos no Santuário Original e não nos encontrarmos. Sentiremos saudades das tardes com a torta de maça e sentiremos saudades das histórias do Pai e do Santo João Paulo II. Acima de tudo sentiremos saudades de você Martin, como eu te chamava.

Quis o bom Deus te chamar num dia 18, dia da Aliança de Amor, que tanto você demostrou fidelidade ao longo da vida com a Mãe de Deus. Os cuidados de nossa Mãe são sempre impressionantes.

Ciao Martin, arrivederci.

Interceda por nós no Céu, para que um dia, pela misericórdia do Senhor, do seu Sagrado Coração, possamos nos encontrar novamente no Schoenstatt celeste.

Romulo, Márcia, Gabriela e Giovanna Romanato/ XIII Curso