Fiéis a Origem: Um lindo convite!
19 de agosto de 2019

Fiéis a Origem: Um lindo convite!

Fiéis a Origem: Um lindo convite!
Relatos de uma encenação do Congresso de Hoerde de 1919

“...Despertai do longo sono de inverno... Depois do regresso dos schoenstattianos aos estudos,
 queremos nós, os externos, e como primeiro grupo, iniciar o trabalho...
Mãos à obra, para a glória da Mãe de Deus!
(Luiz Zeppenfeld)

Um simples, mas lindo convite que veio a se tornar o alicerce de uma grande missão. Em meados de abril de 2018, recebemos o convite que tomaria grande parte do nosso tempo naquele ano, mal sabíamos o tamanho da obra que Deus já havia escrito para nós, meros amadores.

Havia uma preparação intensa para o III Encontro Territorial que reúne os membros da União de Famílias de Schoenstatt, a nível Brasil, e que iria acontecer em Atibaia, São Paulo, com data agendada para novembro do mesmo ano, chamado carinhosamente de encontrão.

Com o tema “Contigo Pai, construímos a União, fiéis a origem” aquele encontro precisava de uma encenação que representasse o Congresso de Hoerde, momento histórico para o movimento de Schoenstatt dentro da igreja católica e ainda mais para a União de Familiais. A história de jovens soldados, sedentos para seguir uma missão, missão essa apresentada a eles pelos seminaristas congregados marianos e pupilos do nosso querido Padre Kentenich em meio à guerra. A semente plantada no coração deles, em um contexto incomum, precisava florescer. A vontade deles era garantir que aquela chama acesa pudesse perpetuar pelas gerações que ainda viriam, por isso vinte e quatro homens se reuniram, liderados por Luiz Zeppenfeld, João Blümer e Fritz Ernst, e juntos fundaram a união apostólica.

A partir disso, era necessário preparar um teatro com a duração de uma hora, que pudesse demonstrar de forma objetiva e impactante a história que deu origem ao nosso ramo.

Somos do XXIV curso e já temos alguns anos de caminhada, já passamos pela formação que nos apresentou a história de Hoerde, mas era preciso resgatar aquelas memórias, não tínhamos um texto, por isso iniciamos um estudo nos meses seguintes para compreender os detalhes da história e escreve-lo. Para auxiliar nessa tarefa, montamos uma equipe com conhecimento e aptidão. Nos reunimos algumas vezes e juntos pudemos entender o fervoroso “sim” dito por aqueles irmãos que realizaram o congresso.

Com a construção da obra percebemos o quanto aquela criação nos demandaria tempo, disponibilidade, adereços, cenários, músicas, imagens, gente e muito, muito talento. A divina providência foi muito generosa, como base tínhamos a Aliança de Amor, e a inspiração fluía.

Para realizar o trabalho nos dividimos em algumas equipes: encenação, dança, música, projeção e adereços. Não era preciso ser formando na área, bastava dar um “sim”, sempre confiamos na providência para nos auxiliar nesses direcionamentos e, tudo foi acontecendo sempre de forma perfeita.

Precisávamos de gente, e muita gente, tivemos dificuldade em angariar pessoas para completar o elenco, não foi fácil, convites e mais convites. Deus inspirou o dom em cada um e o serviço aconteceu. Nesta época tínhamos então cerca de dois meses e meio para o grande dia. Criamos um cronograma de ensaios. Ensaiávamos cerca de duas vezes por semana quando o mês de outubro começou. Teatro, dança, música, cada um fazendo seu ensaio, de forma separada, para que tudo fluísse melhor, e os ensaios gerais foram agendados para os últimos dias, antes de partir para o encontrão.

O texto daquele teatro foi muito especial, e não poderíamos deixar de revelar detalhes sobre sua criação. Ele foi montado em meados de agosto, após muitas conversas e pesquisas, a inspiração para o texto veio como que uma cachoeira, escrito em um único dia, e compartilhado com nossa equipe para juntos refinarmos cada detalhe. O famoso livro de capa vermelha “O Congresso de Hoerde” e o livro digital “A Fundação de Schoenstatt” do Padre Jonathan Niehaus nos ajudaram com as falas e a contextualização.

A história começa com uma família participante do encontro, os pais queriam apresentar à filha como tudo começou, e assim viajamos no tempo para os campos de guerra, que por providência tivemos adereços e figurinos a caráter, jovens vestidos de soldados nos transportaram para aquele momento. Ali os seminaristas, que tinham como base a aliança de amor com Maria, começaram o trabalho de apostolado. A guerra acabou e os jovens Luiz Zeppenfeld, João Blümer e Fritz Ernst interpretados por membros da nossa união demonstraram a intenção de continuar aquele apostolado...

Enquanto nosso coração palpitar, enquanto arder em nós uma só centelha de santo entusiasmo, lutaremos por esse nobre rebento da Congregação Externa! ”

Para isso enviaram telegramas convidando todos os soldados que estiveram na guerra e juntos se reuniram para o Congresso em Hoerde que ocorreu em 19 e 20 de agosto de 1919.

Os congressistas foram saudados pelas palavras de Zeppenfeld Bem-vindos a região da terra vermelha! Aos queridos companheiros que conosco elevaram bem alto a bandeira lirial da Mãe Três Vezes Admirável, nas tempestades e furacões, na dor e na morte...”, vinte e quatro membros estiveram reunidos. Infelizmente não tivemos todos os 24 homens para a encenação, mas a realidade foi tanta que esse detalhe passou despercebido, os membros que disseram sim, incluindo filhos da união, fizeram com maestria e nos emocionaram quando, ao final, posaram para a famosa foto oficial.

Houve também a celebração da santa missa durante o congresso, um momento sagrado que contribuiu para aquele encontro, o sacerdote utilizou da sagrada escritura palavras perfeitas para o momento:

“Eu vim trazer fogo à terra, e outra coisa não quero, senão que ele arda” (Lucas 12, 49).

Aquele sermão deu origem ao lema: “Caritas Christ, urget nos!”, o amor de Cristo nos impulsiona!

Um pequeno, mas tão especial encontro, descrito dessa forma: “Organizações e associações existem muitas. A nossa comunidade é original em sua constituição e desenvolvimento, de um círculo missionário nasceu uma Congregação Mariana, não pelo chamado de um organizador, mas pela viva convicção de alguns jovens. Necessitamos de uma organização que se aposse de nosso interior e abra horizontes amplos ao impulso juvenil de auto-atividade e auto-desenvolvimento. Uma idéia que ultrapassa os tempos, tornou-se o alicerce desta nova fundação. Como instrumentos nas mãos da mãe e Rainha Celestial, queremos mobilizar todas as nossas forças para a renovação religiosa e moral do mundo. ” Não poderia deixar de citar essa fala de forma integra, tamanha sua dimensão.

Naquela noite, os jovens encheram seus peitos de ar e gritaram, assim como fizeram nossos queridos membros, ali atores: “Estamos dispostos a entregar-te tudo, mas como pedido: desce Tu e aceita-nos em teu serviço, para a renovação do mundo em Cristo. ”

E a intenção daquele congresso tinha um enorme significado que dizia: “Não pretendemos fundar nova congregação. Tão pouco, estabelecer nova organização, nem círculo novo, com também nenhuma empresa competidora. Mas uma UNIÃO que eduque caracteres dirigentes, seja fermento para as associações já existentes e se dedique de preferência ao Apostolado. O Espírito de São Paulo, que é o espírito vivo de Cristo, deve vir sobre nós e tornar-nos apóstolos em todas as profissões e associações. A protetora da União é a Mãe Três Vezes Admirável. O patrono especial, São Paulo. Nosso lema: Caritas Christi urget nos! A finalidade da União é a educação de apóstolos leigos, formados segundo o espírito da Igreja. ”

Assim foi a construção do texto, além disso tivemos as projeções ao fundo das cenas, escolhidas cuidadosamente para ilustrar cada momento. A sonoplastia nos ajudava a nos concentrar no que estávamos visualizando, cada som instrumental escolhido para que se encaixasse de forma perfeita como fundo musical de cada cena. As músicas entoadas pelos nossos queridos músicos completaram tudo isso, sendo um grande diferencial. Sem contar ainda com a dança apresentada por nossas meninas, mulheres, mães e filhas, verdadeiras bailarinas, leves e delicadas como Maria, que encantaram a todos que assistiram e pareciam flutuar ao som de cada canção.

As músicas que fariam as transições de cena se tornaram essencial para toda aquela obra e, de forma delicada, seriam interpretadas ao vivo pela banda, que cantaram lindamente.

O que falar sobre a música, o desejo era que a composição tivesse todo o repertório com base nas canções de Schoenstatt. Contamos com a ajuda de mais irmãos para essa tarefa. Por isso as canções que comportaram o teatro complementaram a essência que queríamos resgatar.

Foram seis composições que nos ajudaram a viver aquela fascinante história.

Vale a pena desmiuçar essa pequena e grande inspiração...

Na história do congresso, logo que a guerra acabou precisávamos de uma letra capaz de demonstrar a busca pela santidade naqueles homens, aquelas palavras movimentadas pelos acordes nos ajudaram a compreender o porquê daquela vontade em continuar a obra, cantada em espanhol, a tradução para o português dizia:

“Quero ser santo Senhor, me custa tanto seguir-te.
Quero ser santo Senhor, por que vos mesmo pediste.
Mesmo que custe, que eu não possa, que eu não aguente, mesmo que eu morra...
Eu sou lançado a aventura do amor, minha vida tem sentido...
Com os pés na terra e com os olhos no céu,
necessito suas mãos por que sozinho já não posso...”

Assim como fazemos com nossos singelos encontros e reuniões é preciso inspiração do Espirito Santo, por isso ao fim da cena que mostrava os preparativos para o congresso, cantamos a oração escrita por Pe Kentenich:

Maria, entre nós, cheia de poder, roga ao Espírito o seu sopro descer
Para que Deus nos transforme e no mundo o amor vencer
Abre as almas dos que a ti se consagram, para o Espírito vir nos renovar
Ó, vem, Espírito Santo para nos incendiar
Me fortalece e ilumina, me guia e me consola, para eu ver
O plano do Amor Eterno na minha vida acontecer
Me ajuda a entender o que eu devo fazer e sofrer
E o meu SIM seja perpétuo aos desejos e ao querer do meu Eterno Pai…”

E então o congresso aconteceu, com falas tão reais que nos transportaram para aquele momento da história, vivendo com eles a alegria de participar de um encontro que seria o início de algo tão precioso para todos nós e ainda mais para nossas famílias.

Para selar aquele momento divino e de missão, e de forma a demonstrar o envio vivido por aqueles servos que chega até os dias atuais, escolhemos a seguinte música:

Quero contigo caminhar, porque algo aconteceu a esperança apareceu não sei bem te explicar...
só sei que o que eu levo eu preciso espalhar.  
São sementes em tuas mãos, que me das no coração...
se perguntas: Quem Hei de enviar?
Eu respondo:  “Eis-me aqui!”
Com Maria, envia-me Senhor
Mais forte que o medo, o amor anunciar

Esse amor que eu carrego é de Ti.

E assim nascia a União Apostólica que, com o passar dos anos, nos apresentaria à União de famílias, e através de fotos projetadas ao fundo do palco pudemos apreciar todos os trinta cursos que compõe esse ramo do movimento, e juntos, com todo o elenco, encerramos com a linda foto de todos os presentes no encontrão reunidos, assim como os membros originais, ao som da poesia que refletia aquela emoção única:

“O sol se pôs, pela noite caminhamos, vimos da dor, mas sorrimos
Somos a semente do dia que começa e forjamos com Deus, nosso destino.
Tornaremos a nascer de nossas cinzas, plantaremos a flor onde não há nada
Falaremos do amor onde haja ódio e algum dia, algum dia, moveremos as montanhas.
Porque somos partidários da vida e levamos no peito esperança
Porque somos caminhantes da noite destes tempos e, na noite, revivemos a manhã.
Construiremos a paz sobre a guerra, encheremos as casas de alegria
Chamaremos de irmão a cada homem, será então, quando os homens serão uma família.

E desta forma tivemos um verdadeiro espetáculo. Ao final, os membros entregaram uma lembrança aos espectadores, uma pequena recordação de papel com um formato de uma mão com uma chama que se manteria acessa nas famílias que ali se encontravam, representando todo aquele momento que seria selado com a coroação da Mãe, trazida pelos membros do congresso, sedentos de amor pela missão.

“A união é e deve continuar a ser inteiramente obra vossa! Somos herdeiros de um grande passado, portadores de um grande presente e construtores de um grande futuro!”, Padre Kentenich.

 

 

RITA E PEDRO LOPES

XXIV CURSO

REGIÃO PARANÁ